Memória e Esperança – Estação Fortaleza
Todo caminho é feito de memória e
esperança. Sim sem passado não é possível real construção. É dos dados da
memória que nascem ideias, conceitos, e destas nossas emoções e sentimentos.
Não há amizade sem memória. Não há amor sem memória. Não há relação sem
memória. O Caminho da Graça – Estação Fortaleza tem uma história, um registro,
não só escrito em textos ou registrado em fotos, mas na memória de muitos,
principalmente na minha, pois minha caminhada de fé saltou consideravelmente
nesse tempo onde mentorio a Estação.
Tudo começou em abril de 2006,
depois de alguns contatos com aqueles que já faziam esse caminho, como o Caio e
o Marcelo Quintela, e do meu rompimento oficial com o movimento evangélico.
Movimento esse que também faz parte do conjunto das minhas lembranças e que
portanto me formam. Sem a igreja evangélica não seria o que sou, em especial a
Igreja Missionária Pentecostal, que primeiro reconheceu meu ministério e o
abençoou.
De lá para cá muitas coisas já
aconteceram, muitas experiências foram vividas, erros e acertos no caminho
fizeram nossa história até aqui. Entre tantas lembranças destaco algumas: o
começo no bairro João XXIII. A partir dali nascia minha nova forma de atender as
pessoas, uma forma que envolvia meus conhecimentos em psicanálise e meu chamado
pastoral, o que até hoje faço. Lembro-me das lágrimas de muitos, dos sorrisos,
dos espantos diante das mensagens pregadas, e principalmente dos muitos
testemunhos de vida, paz e alegria em razão da fé na mensagem que pregávamos e
pregamos. Como esquecer os batismos, as ceias, e as comunhões?
Casas de vários irmãos, praças
públicas, praias, Casa do Caminho, igrejas, tudo já nos serviu de espaço uma
vez que entendemos que Deus não está preso a nenhuma geografia específica e que
não existe lugar mais sagrado que o próprio coração humano.
No decorrer desses 8 anos
centenas de pessoas já passaram por nossas reuniões. Dá para contar nos dedos
de uma mão os mesmos das primeiras. Todos passam! E isso é uma Estação. Um
local de passagem, de parada na caminhada. A Estação não é o Caminho, mas está
no Caminho! Pelo movimento de alguns de ir e vir, e de outros de permanecerem
por mais tempo pude conhecer histórias, compartilhar de alegrias e tristezas, e
pude me revelar ao máximo, das minhas fraquezas as minhas força. Fiz amigos na
caminhada! E no tempo mais difícil dela pude sentir o carinho verdadeiro de
muitos. Gente que nunca confundiu o fraco Ivo com a mensagem que pregava. Gente
que soube me respeitar todo tempo e me honrar para além de qualquer mérito. Se
ensinei esse tempo todo, também aprendi muito.
Por isso cheguei até aqui, talvez
muitas pessoas que não acompanharam o processo ainda guardem de mim lembranças
não tão boas, e outras ainda façam de minha imagem algo ruim. Só quem anda
junto pode porventura conhecer um pouco mais de alguém. Eu sei quem eu sou,
conheço meus erros e os chamo pelos nomes. Também conheço meus arrependimentos.
Pena que alguns não desejaram ver.
Aos 8 anos de idade começou minha
relação com a fé. Minha primeira experiência com a Bíblia, minhas primeiras
experiências místicas, e minhas primeiras esperanças e promessas. Aos 8 anos de
idade da Estação sinto que não só de memória ela vive, mas também de esperanças
e promessas.
Esse é um novo tempo onde
recolhemos o passado e com ele aprendemos. Identificamos o erros e procuramos
concertar, valorizamos os acertos e celebramos a vida. Nessa relação ainda
faremos muitas coisas como antes, outras novas e outras renovadas, sempre com o
mesmo desejo de no fim servir as pessoas por meio do Evangelho.
Muitas coisas concorrem juntas
para um mesmo propósito, mesmo que não vejamos tão bem as relações. Minha
história concorreu para que chegasse aqui do jeito que cheguei, sem nada,
apenas com a disposição de continuar servindo até o último dia da minha vida.
Deixei tudo e investi o que possuía nesta esperança da Estação continuar
abençoando os que passam, até o dia que o Senhor me recolher para meu descanso.
Disse para alguns que minha
história e a da Estação se encontram o tempo todo mesmo não sendo a mesma coisa.
Que é sábio não confundir as histórias, mas o fato é que é impossível a
história de Ivo Fernandes sem a Estação do Caminho da Graça Fortaleza, um dia
ela continuará sem mim, ou não, mas penso que eu jamais continuarei sem ela,
porque todo caminho se faz de memória e esperança!
Ivo Fernandes
22 de maio de 2014
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